sábado, 2 de outubro de 2010

A-ha traz à Brasília show de despedida pontuado por hits, empolgação do público e faringite do vocalista.



Por Marcello Azolino

            O anúncio de que o A-ha traria seu Farewell tour para o Brasil em 2010 movimentou os inúmeros brasileiros saudosistas da banda que em 1990 levou milhares de pessoas ao inesquecível Rock in Rio II. Com a turnê “A-ha – The Farewell tour – Ending on a high note” a banda norueguesa percorreu as cidades de Bauru, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Brasília.
            O A-ha tocou no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, no dia 16 de março de 2010, alguns dias depois do show explosivo do Guns n` roses e sua “Chinese Democracy Tour”. Apesar da acústica comprometida do ginásio, este cedeu espaço para cinco mil pessoas cantarem em coro os inúmeros hits de uma banda que já atravessa 3 décadas de estrada.
            A platéia, constituída na maior parte por trintões, claramente estava empolgada, era possível sentir a expectativa dos fãs para que o trio colocasse logo os pés no palco. E foi às 22h12 que Morten Harket (vocalista), Paul Waaktaar-Savoy (guitarrista) e Magnus Furuholmen (Tecladista) entraram para estremecer as estruturas do lugar.
            A ópera Synthpop/ New Wave foi iniciada com o som dos sintetizadores do novo single da banda, “The Bandstand”. Em seguida, outra balada do álbum novo, a faixa-título “Foot of the mountain”, melodia suave com mais sintetizadores.
            A terceira música foi a faixa-título do penúltimo álbum do A-ha, “Analogue”, no qual Morten Harket empunhou uma guitarra para acompanhar Paul.Um telão gigante posicionado atrás da banda mostrava imagens escolhidas a dedo e com total sincronia em relação às músicas. A estética visual sem dúvida era um dos highlights do show.
            A música seguinte foi “Forever not yours”, do álbum Lifeline, cujo refrão foi cantado em coro pelo público: “I’ll soon be gone now, forever not yours”. “Minor earth, major sky” veio em seguida e depois a bela música rica em falsetes “Summer moved on” empolgou a todos. Inclusive, é nesta música que Morten Harket segura uma nota por vinte segundos sem respirar. De arrepiar, meu caro!
            Imagens de sangue em movimento projetadas no telão davam pista de que “The Blood that moves the body” seria a próxima a ser executada. Emendou “Move to Menphis”, porém, quando os acordes inicias de “Stay on these roads” ecoaram no ginásio houve uma explosão de gritos. Durante a música, Morten já demonstrava estar se esforçando para alcançar as notas agudas, visivelmente ofegante, começou a dirigir o microfone à plateia para que esta o ajudasse. Avisou que estava com uma faringite terrível e se esforçaria para continuar cantando.
            Então, veio o tema de 007 gravado pelo A-ha: “The Living Daylights”. Morten só conseguiu cantar trechos da música com voz grave, quando a canção exigia a voz característica aguda dele, ele dirigia o microfone para o público cantar. Agradeceu várias vezes constrangido: “thank you...”. O tecladista, Mags, deixou o teclado e correu de uma extremidade à outra do palco animando e puxando o coro da platéia:
oooooooooooohhhhh, ooooooohhhh the living daylights”.
            “Crying in the rain”( o cover dos Everly Brothers), “Scoundrel Days” e “The Swing of things” foram executadas pela banda, que tentava compensar, com seus instrumentos, a falta de voz de Morten Harket, que cada vez mais ia sumindo. Em determinado momento, ele perguntou ao público se todos queriam que continuasse cantando só os graves e deixando os agudos para a platéia cantar ou se devia parar. A resposta de todos os presentes no ginásio foi unânime: yes!Keep going! Afinal, todos estavam lá pra ouvir a banda, independente de falhas pontuais em trechos da música.
            O setlist prosseguiu com Manhattan Skyline”, “I’ve been losing you”, “We’re looking for the whales” e terminou com “Crywolf”. A banda norueguesa saiu do palco e os fãs ávidos por mais hits pediram o bis. Voltaram para tocar “Hunting High and low” que o público de forma bela cantou junto com a banda, num esforço coletivo para contornar a incoveniente faringite de Harket. Concluíram com “The sun always shines on tv” e saíram novamente de cena.
            O ginásio começou a gritar e a clamar o maior hit da banda, o clássico do synth-pop: “Take on me!Take on me!Take on me!”. Atendendo a todos os chamados, se dá inicio a projeção no telão do clipe inovador (pelo menos na época em que foi lançado, ao fundir desenho animado com atores reais) de “Take on me” e um dos riffs de teclado mais marcantes  do mundo é reproduzido em pleno cerrado por Mags, o povo vai ao delírio. Como não se empolgar com uma das músicas mais bacanas e representativas do anos 80?
            Enfim, ter tido a oportunidade de ir a um show do A-ha em Brasília foi uma oportunidade única e  memorável para quem aprecia a banda. Apesar da faringite inoportuna do Morten, o público compreendeu o esforço dele em cantar o que era possível cantar e contribuiu em coro cantando nas lacunas deixadas pelo lead singer. Uma pena que os noruegueses estejam se despedindo, em tempos de Jonas Brothers e Miley Cyrus, uma baixa dessas vai ser realmente sentida para aqueles que apreciam bandas de verdade. Saem de cena dignamente, alcançando notas altas...


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