domingo, 19 de setembro de 2010

DIANA KRALL E SUA BANDA ESBANJAM VIRTUOSISMO PARA PÚBLICO BRASILIENSE.


Por Marcello Azolino


Com o Teatro OI lotado em Brasília, Diana Krall e sua banda subiram ao palco pontualmente. A platéia composta predominantemente por pessoas na faixa dos 40,50, 60 anos estava ansiosa para os primeiros acordes da canadense que adquiriu, nos últimos tempos, status de celebridade do jazz. Nessa turnê, ela está acompanhada do guitarrista virtuoso Anthony Wilson, do baterista Karriem Riggins e do contrabaixista Robert Leslie Hurst. Por algum motivo não informado, John Clayton e Jeff Hamilton, contrabaixista e baterista originais respectivamente, ficaram de fora dessa segunda parte do tour do cd “Quiet Nights”...

Devido ao espaço físico diminuto do Teatro OI, aproximadamente 450 lugares, o formato do show prometia algo mais intimista, já que Krall e a banda ficaram muito próximos da platéia. Já acomodada em frente ao seu piano, Diana tocou, como de praxe no inicio de seus shows, “I love being here with you”, música cheia de improvisos que funcionou como uma pequena demonstração  do que estaria por vir.

Depois da entrada promissora, Diana Krall já emendou “So nice (Summer Samba)” dando inicio ao tom bossanovista que pontua esse novo trabalho da cantora. No meio da letra, deixou bem claro para o público o quanto estava emocionada por estar tocando para os brasileiros e o quanto estava honrada em saber que a cantora Rosa Passos estava presente, o que adicionou um caráter especial à noite.

Em seguida, tocou a música “On the sunny side of the street” e tentou quebrar o gelo ao falar de sua família que estava em Vancouver. Para quem não sabe, Diana Krall é casada com Elvis Costello e foi para ele que ela dedicou a canção “I’ve grown accustomed to his face”. Em tom quase melancólico, ela sussurrou a bela “How deep is the ocean (How high is the sky)”, faixa do disco “Love scenes”. Aproveitando a deixa da música de Irving Berling, interpretou outra do compositor, o standard “Let’s face the music and dance”, do cd que lhe deu o grammy “When I look in your eyes” e, ainda dentro do número, improvisou “How insensative” no piano.

Bem mais a vontade, falou do fascínio que ela tem em explorar os inúmeros vinis na casa de seu pai  e que iria tocar uma canção de um compositor fundamental na vida dela, Burt Bacharah. Com “Walk on by” acelerou o ritmo e deu uma roupagem diferente ao arranjo produzido para o cd. Interessante como a ela e a banda sempre improvisam numa harmonia constante, cada um dos músicos tem espaço para números de solos com um swing e total domínio das baladas. Há espaço para todos darem seu show particular.

Daí vieram “Exactly like you” e a interpretação de Corcovado, aqui “Quiet nights, no qual arrebatou a platéia com a fluência que percorre a obra prima de Tom Jobim. Mudou para Nat King Cole e sua divertida “Just you, just me” e arriscou “Este seu olhar”em um português esforçado e inevitavelmente sexy na voz da Sra. Krall.

Terminou o show com um número musical de quase 20 minutos de improviso utilizando a base da música de Irving Berling, “Cheek to cheek”, arrepiando a todos os presentes. Voltou ainda no bis para interpretar o cover inusitado de Tom Waits, “Clap Hands”, dando tons de blues.

A segunda visita de Diana Krall à capital federal provou que ela é uma artista que ama boa música, que sabe escolher a dedo os instrumentistas que a acompanham (cada solo de Anthony Wilson hipnotizava o público) e um reportório invejável que vai de Burt Bacharah à Tom Waits. Linda e extremamente charmosa com seu estilo tímido, Krall sem dúvida alguma é a representante do gênero jazzístico feminino mais popular da atualidade e se consagra como uma artista impecável.Que honra poder dividir uma sala com ela e sua banda por duas horas de total sintonia.