sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tears for Fears traz a Brasília show repleto de hits e mostra porque ainda é uma banda expoente da cultura pop

Roland Orzabal

Por Marcello Azolino

Com diversos hits na bagagem, Curt Smith e Roland Orzabal chegaram a Brasília prometendo um show antalógico para o final de uma terça feira pré feriado. Dito e feito, a banda não só demonstrou excelência no que faz, como relembrou que verdadeiros clássicos pops da música conseguem transcender décadas e ainda assim soarem atuais.

Com o Centro de Convenções abarrotado, o show foi antecedido por um pocket show de abertura do canandense Michael Wainwright, que demonstrou-se eficiente ao conduzir um setlist para aquecer a metralhadora de hits que viria em alguns minutos, o Tears for Fears.

Com a banda devidamente posicionada no palco, os acordes iniciais de “Everybody Wants to Rule the world” foram escolhidos a dedo para abrir uma explosão de empolgação da platéia, que se levantou de seus assentos para cantar em pé e em coro um dos maiores sucessos oitentistas da banda. Em seguida, veio “Secret World” do disco mais recente, “Everybody loves a happy ending” de 2004.

Com “Sowing the seeds of love” os contornos épicos da canção foi acompanhada de perto pela platéia que a cada sucesso explodia num coro uníssono. Roland Orzabal comprovou que continua com o mesmo alcance vocal potente que ostentava nos anos 80 e demonstrou total harmonia com a banda que os acompanha nessa turnê.

Era evidente que o público perdia um pouco do pique quando a banda tocava músicas menos conhecidas do grande público como “Call me mellow”, “Everybody loves a happy ending” e “Closest thing to heaven”. Porém, antes que a peteca caísse, emendavam um clássico como “Change” ou “Pale Shelter”para arrebatar novamente os ouvintes.


Roland Orzabal and Curt Smith

Em “Mad World” um coelho de pelúcia foi arremessado no palco, numa clara alusão ao filme Donnie Darko, que utiliza a música em questão quase como parte do enredo do fenômeno cult cinematográfico. Daí não faltaram, outras tantas músicas inesquecíveis como “Advice for the young at heart”, “Head over heels” e “Break it down again”. Houve até um sofisticado cover de Billie Jean, uma bela homenagem ao Rei do Pop.

Simpáticos, tentaram interagir com o público: Roland tentou arranhar um pouco o português, ou talvez portunhol, ao agradecer a receptividade impressionante da banda no Brasil e confessou que estava, particularmente, tímido na noite de terça. Curt Smith, por sua vez, foi econômico nas palavras e expressou satisfação em estar em uma cidade que ostenta diversas obras de Oscar Niemeyer, arquiteto que admira muito.

No bis, Tears for Fears reservou Woman in Chains, com Michael Wainright responsável pelo vocal imortalizado por Oleta Adams (arrepiante), e terminou com “Shout”, um hino oitentista que funcionou perfeitamente para fechar com chave de ouro o espetáculo. Sem playback e sem enrolação, as “Tias fofinhas” (Apelido carinhoso dado à banda no Brasil) provaram que são uma banda completa, que sabem executar músicas com um grau de excelência impressionante e  sabem, como poucos, dar continuidade a um patrimônio musical que já alcança quase três décadas de hits sacramentados na cultura pop mundial.

Vida longa ao Tears for fears!

Tears for Fears