quarta-feira, 20 de outubro de 2010

The Cranberries em Brasília.

                                    
Por Marcello Azolino

Talvez The Cranberries seja uma das bandas mais expressivas dos anos 90. Provenientes da Irlanda, terra do U2 e do Simple Minds, o grupo concebeu hits memoráveis ao longo de sua carreira e que perduram até hoje, como provam os ginásios e casas de shows abarrotados de gente nessa turnê 2010.

Depois de realizarem alguns shows no Brasil no inicio deste ano, os irlandeses aparentemente se surpreenderam com a recepção calorosa dos brasileiros e colocaram algumas outras cidades brasileiras na rota para visitarem ao longo do mês de Outubro, incluindo Brasilia. A capital federal recebeu o show no dia 19 de Outubro, no problemático Ginásio Nilson Nelson.

O The Cranberries deveria entrar no palco as 21 horas, porém, um atraso inexplicável de uma hora mudou o inicio do show para as 22 horas. A platéia estava realmente eufórica, inclusive, foi espantoso saber que existem, em Brasília, fãs tão empolgados com a banda.Uma grata surpresa...

O palco, com cenário discreto, cedeu espaço à vocalista Dolores O’Riordan, o guitarrista Noel Hogan, o contra-baixista Mike Hogan e Fergal Lawler na bateria. A primeira música executada foi “Analyse”, que foi recebida em coro pelo público, num estouro coletivo de gritos provenientes desde a área VIP até as cadeiras ao fundo do ginásio. As músicas “How”, “Animal Instict”, “Ordinary Day” e “Dreaming my dreams” foram acompanhadas com euforia pela platéia que realmente conhecia de cor as letras autorais de Dolores.

No entanto, foi com “Linger”que o grupo arrebatou de vez o público. O refrão “you know I’m such a fool for you” foi entoado conjuntamente por todos, dando a sensação de que aquela balada fez parte da vida amorosa de muita gente ali. Aproveitando o embalo, Dolores mandou mais um hit,“Ode to my family”, faixa do disco “No need to argue”, que demonstra a enorme extensão vocal da vocalista, uma daquelas vozes que preenchem o espaço, ela tem total domínio de seu instrumento de trabalho.

A banda não fala muito, entre uma música ou outra Dolores ressaltava o quanto estavam apreciando o país de dimensões continentais, dedicou uma música às suas duas filhas e agradeceu o carinho dos fãs. Frequentemente ela saia de cena e entrava numa tenda montada na lateral do palco...

O set list teve ainda: “Still can’t”, “Just my imagination”, “Desparate Andy”, “When You’re gone”, “Can’t be with you”, “Waltzing”, “Time” e “Free to decide” (música dedicada ao sufocante papel da mídia na vida da artista). Os hits “Salvation” e “Ridiculous Thoughts” foram recebidos com muita animação pelos brasilienses.

O grupo terminou com “Zombie”, música de fundo político, e com certeza uma das canções mais importantes da década de 90. Uma bela experiência poder presenciar o ginásio em peso bradar o refrão intenso da música com punhos fechados e dando socos no ar: “In your heaad, In your heaad, zoombie, zoombie!”

Como de praxe, saíram de cena e voltaram para o bis de quatro músicas finais: “Empty”, “You and me”, “Promises” e a bela “Dreams”.

Com danças bizarras e uma certa timidez ou falta de traquejo com a platéia, Dolores é uma vocalista tecnicamente impecável e profissional. O setlist pincela os grandes feitos da banda e os intrumentistas fazem um ótimo trabalho ao despejar uma quantidade invejável de hits. Ofuscados pelo show evento do Green Day ocorrido 2 dias antes na capital, o The Cranberries fez um espetáculo mais melódico e sem tanta pirotecnia, algo que reflete o estilo musical e a proposta discreta da banda.

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